sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Porque a diferença? (Em solidariedade à Keka, do Coisas de Meninas)

Eu tinha programado outro post para hoje. Mas ao visitar o blog da Keka e me deparei com a situação pela qual ela e sua família estão passando. De repente, todas as minhas preocupações ficaram pequenas. Senti um nó na garganta, que não se desfazia.
O marido da Keka é policial. E agora está preso. Ele fazia parte que estavam na blitz onde um juiz foi ferido.

Todos os dias policiais vão às ruas. Combatem criminosos, arriscam suas vidas. Esposas, mães, filhos, não sabem se os terâo de volta.

Todos os dias bandidos saem de casa. Dispostos a matar ou morrer. Da mesma forma, esposas, mães e filhos, mas não se importam se elas os terão de volta.
Todos os dias pessoas comuns saem de casa. E sabem que saem no meio de uma guerra. E têm medo. E um policial ou qualquer outra autoridade, como o juiz, tem medo dobrado. Sabe que, se identificado por bandidos, será morto.
Naquela noite, um policial cumpria seu dever em combate aos arrastões que estavam acontecendo no Rio. Enquanto isso, um juiz seguia com sua família para uma festa. Se encontam em uma estrada. Entre os dois, a escuridão e o medo.
O juiz, ao avistar a blitz, tem medo de que seja uma falsa operação e numa fração de segundos decide por fazer uma manobra de retorno, tentando proteger sua vida e a de sua família.
O policial, ao ver um carro em uma manobra anormal (pela contra-mão), dá a ordem de parada e vendo que o carro continua, ouve tiros, e em uma fração de segundos decide pela ação contra o que parecia ser um carro de bandidos (não era isso o que eles esperavam?).
No meio de tudo, o engano.
Na noite do Rio de Janeiro, com tantos perigos, tanto um, como outro, em seu ponto de vista agiram da forma que julgaram mais acertada. Agiram sob a pressão do medo. Felizmente, esta fatalidade não tirou a vida de ninguém.

Sou solidária à Keka e à sua família, assim como às famílias dos outros policiais envolvidos neste caso. Lembrem-se: eles têm família! Eles têm alguém que os espera em casa. E têm sim, medo de não voltar.
Com certeza, você já se colocou no lugar da mãe que chegou ao hospital com sua filha ferida nos braços e o marido e o enteado baleados no carro. Eu já me coloquei. E sofri com isso, e rezei por eles. E me alegrei com sua recuperação. E agradeci a Deus por isso. E minha solidariedade se estende a eles também.

Agora, tente se colocar no lugar de um menino de 9 anos, que vê o pai ser preso, não por ser bandido, mas por uma fatalidade enquanto tentava cumprir o seu dever como policial.

O que é importante lembrar é que estes policiais estavam trabalhando com pouquíssimo treinamento.

Não foi uma investida contra um juiz. Não foi descaso pela vida.
E o maior problema é que a Justiça começa a mostrar sua parcialidade. Mostra que não é igual para todos. Se no lugar de um juiz estivesse uma outra pessoa, o caso seria conduzido da mesma forma?

Nem sempre a Justiça age da mesma forma. Confira aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui...
E quando a Justiça tem que agir contra um juiz ou promotor? Confira aqui, aqui e aqui.

3 comentários:

Lívia Cunha disse...

Que Deus dê força e conforto pra ela e sua familia.

Andreia Lica disse...

Dificil julgar, dificil dizer quem tem razão, achoi que enquanto os nossos governantes não pararem de discutir politica e começarem a agir fica dificil viver neste mundo tão hostil, entendo que o juiz tenha ficado com medo e tbm entendo o policial que estava exercendo a sua função em uma cidade tão violenta...onde chegaremos? Enquanto a corrupção e a bandalheira política prosseguirem estaremos a mercê de bandidos que fazem da sua lei a nossa.


Bjão
http://andreiarenovandoereciclando.blogspot.com/

Ly Mello disse...

Sandra, meu marido é policial civil e já falei com a Keka sobre isso! Sei exatamente o que ela está sentindo! Fico solidária a família do Juiz, pq imagino os momentos de pavor, mas também sei da dificuldade da profissão de policial, ainda mais no Rio de Janeiro, e ainda mais em épocas de arrastão!
Estou ao lado da Keka, e ela sabe que pode contar comigo!

Bjs.